A muito tempo escuto as pessoas falarem sobre fracassos, umas levam na boa, outras quase se deprimem. Tem aquelas que desistem de tudo. Sempre olhei o fracasso como uma curva de aprendizado, não como algo definitivo e que me desqualificava. Tive meus fracassos.
Meu primeiro flerte com o fracasso
Em palestras sempre conto o meu primeiro flerte com o fracasso. Tinha 8 anos, sou de uma família muito pobre, só tive mãe e uma irmã, morando em um morro (favela) em Porto Alegre.
Lá tínhamos que nos virar desde muito cedo, então resolvi juntar ferro, osso e vidro para vender. Passava nas ruas do bairro catando o que desse, sabe porquê? Queria juntar dinheiro e montar um barzinho no porão da minha casa.
Fiquei algumas semanas fazendo isso, consegui algumas coisas e vendi ao ferro velho. Com o dinheiro comprei vários doces (chicletes, balas e pirulitos). Lembrem eu tinha 8 anos.
Limpei o porão, que era aberto, coloquei uma tábua e peguei uns potes de plásticos. Nos três primeiros dias vendi muito, todos meus amigos compraram. Juntei dinheiro e já planejava aumentar o negócio, colocar mais doces diferentes.
No quarto dia, acordei e vi vários amigos brincando com ioiô, fiquei olhando, olhando, olhando. Ai na emoção da infância peguei todo o dinheiro, comprei um ioiô e comi o restante dos doces. Bha! Fracassei no que tinha planejado.
Ai que vem o mais incrível, não tive a sensação de fracasso, não fiquei me lamentando. Depois, olhei para a situação e que nada, vida que segue. Naquele momento não tinha noção do que isso representaria em minha vida, mas ali soube que fracasso é muito diferente de sentir-se fracassado.
Fracasso x Fracassado
Fracassos existem e não são exclusividade de poucos, mas de muitos. Sentir-se fracassado é para poucos. Sentir-se fracassado é aceitar que só havia aquele caminho, que somente aquilo seria importante e, pior, achar que tudo acabou.
Saber lidar com o fracasso é entender que a vida tem ciclos altos e baixos e, talvez num desses, você fracassou, mas em outros teve êxito. O importante para mim foi que mais tarde, aos 25 anos, voltei a empreender, montei meu próprio negócio. Em seguida, investi em outros negócios.
A lição do guri de 8 anos vale até hoje na minha vida. Se fracassou, beleza, vamos lá. Isso não quer dizer que você é um fracassado.
*Por Nelson Naibert